[foto retirada daqui]
Nesta época muitas são as
mensagens que apelam à essência do Natal… Tentativas de resgatar a atenção que se
prende nas luzes, nos embrulhos e nas mesas fartas e tentadoras … o lado mais
consumista e fugaz e já tão caraterístico do Natal.
Esta é a minha tentativa de resgatar
o que de melhor recordo dos meus Natais de miúda. Sempre fui uma criança
curiosa e sonhadora e o Natal trazia consigo sempre a possibilidade de
desvendar o misterioso Pai Natal. Na altura não lhe deixava bolachas e um copo
de leite (como agora) e tinha sérias dúvidas se ele viria do Pólo Norte, no
entanto, acreditava realmente que ele existia. Desde a hora de jantar até à
saída para ir à Missa do Galo, o tempo passava demasiado devagar… e sempre que
ganhava alguma coragem (porque na verdade não me sentia preparada para ter um
encontro imediato com ele) lá ia eu espreitar a árvore de Natal a ver se ele já
tinha passado, mas o Pai Natal não se deixava apanhar facilmente e só vinha no
momento em que a casa estava vazia.
A missa do Galo era a missa mais
demorada do ano… e só lá estava mesmo a marcar presença isto porque a cabeça
andava ocupada com outras questões bem mais importantes naquela noite: será que
ele já lá esteve? O que me terá trazido este ano? Ainda faltará muito para
terminar a missa?
Os meus olhos brilhavam quando
finalmente chegava a casa e corria até à sala para ver o que havia debaixo da
árvore! O Pai Natal nunca me falhava… raramente trazia aquilo que eu pedia mas
eu não me importava porque não havia melhor sensação do que se ser surpreendida
pelo velhote das barbas brancas.
De ano para ano algo permanecia –
o misterioso aparecimento das prendas. Fui crescendo e na escola os colegas
diziam que não havia Pai Natal, que era tudo uma invenção dos pais mas eu,
apesar de ficar com dúvidas, não acreditava nessa teoria. Era o meu segredo de
Natal, pois se o manifestasse seria a palhaça da escola num abrir e fechas de
olhos!
A dúvida foi ganhando espaço e,
nos anos seguintes, nos dias que antecediam o Natal sempre que podia ia
investigar as gavetas, debaixo das camas e noutros lugares possíveis e até
improváveis onde as prendas poderiam estar a aguardar o momento para aparecerem
debaixo da árvore. Mas as minhas buscas nunca recolheram evidências
irrefutáveis de que o Pai Natal era uma invenção dos adultos e, se não existia
uma explicação plausível, não haviam motivos para não acreditar nele e no
fundo, sem que desse muito nas vistas, eu acreditava mesmo que o Pai Natal
existia.
Até que um dia, sem mais nem
menos, os meus pais me recrutaram para ser cúmplice deles e me contaram qual a
estratégia utilizada para que as prendas aparecessem misteriosamente debaixo da
árvore. Embora, nesse momento, tudo fizesse sentido e confirmasse a teoria dos
colegas de escola, na verdade senti uma enorme desilusão porque a partir daí o
Natal perdeu parte da sua magia… aquela que me fazia sonhar e acreditar em algo
mesmo que não o visse… para mim não era mentira até que houvessem provas em
contrário!
É essa capacidade de acreditar
para além daquilo que se vê e se comprova que eu quero resgatar neste Natal... :)
2 comentários:
A magia somos nós que a fazemos. Há algo de bom para além do que possas ver!
Beijinho grande :)
Gonçalo:
Quero mesmo (muito) acreditar nisso..:)
beijinhos
Enviar um comentário