domingo, 9 de março de 2008

Ao princípio não havia caminhos...



Ao princípio não havia caminhos.
Nem veredas.
Nem atalhos.
Eram só montes. Só pedras. Só cardos.
Só silvas. Só espinhos. Só ouriços. Só matagais.
O HOMEM TENTOU
Tentou sozinho.
Uma vez... Duas vezes... Muitas vezes...
Em vão?
Foi desbravando a floresta.
Foi abrindo uma galeria.
O labirinto foi-se abrindo.
Já conhecia uma passagem.
Nela tinha ele a certeza de passar.
Pisou-a muitas vezes.
Foi-a calcorreando.
Cada vez se abria mais a clareira que abrira.
Passou muitas vezes.
Pacificamente.
Com firmeza.
Cortou as silvas, tirou as pedras.
ABRIU CAMINHO.
Passou sozinho.
O caminho ainda não era largo para todos.
Tentou passar acompanhado e conseguiu muito a custo.
Tentou abrir mais. Passou mais de uma vez.
Pára e vê o caminho que ele abriu.
Pensa no que lhe disseram e aprendeu sozinho:
CAMINHANTE, NÃO HÁ CAMINHO, FAZ-SE O CAMINHO A ANDAR!
Passaram muitos.
Passaram todos...
Ao fim, todos eram um caminho.
Um caminho que se pisa e não se esquece.

Hélder Ribeiro, in Tempo Livre