segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Última estrela a desaparecer, de Vieirinha (in: www.olhares.com)


"Vem por aqui" - dizem-me alguns com olhos doces,

Estendendo-me os braços, e seguros

De que seria bom se eu os ouvisse

Quando me dizem: "vem por aqui"!
Eu olho-os com olhos lassos,

(Há, nos meus olhos, ironias e cansaços)

E cruzo os braços,
E nunca vou por ali...
(...)
Como, pois, sereis vós
Que me dareis machados, ferramentas, e coragem

Para eu derrubar os meus obstáculos?...

Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,

E vós amais o que é fácil!

Eu amo o Longe e a Miragem,

Amo os abismos, as torrentes, os desertos...

(...)

Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou,

- Sei que não vou por aí.

Cântico Negro, de José Régio

(...e não raras vezes isso basta-nos para continuarmos...)

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Há sempre um deus fantástico nas casas, de Mar de Sonhos (in: www.olhares.com)


"Depois de tantos anos, deixamos de viver na casa e passamos a ser a casa onde vivemos.

É como se as paredes nos vestissem a alma."


Mia Couto

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Derramava-te o Sol, de J. Pedro Martins (in: www.olhares.com)



Deixa-me amar-te em silêncio,
sem que saibas,
sem compromisso, sem promessas,
sem mágoas, sem sofrimento...
Deixa-me continuar a alimentar a ilusão
de que não te sou indiferente
e de que um dia me amarás na mesma medida...
Deixa-me oferecer-te o meu coração
deixar-te entrar, sem que te dês conta...
Deixa a ilusão permanecer!
(Se resistir a qualquer obstáculo poderá ser o princípio de tudo...)

domingo, 9 de agosto de 2009

Porque (ainda) esperamos?

Senta-te ao pé de mim, de Sara Ferrer (in: www.olhares.com)


Por entre noites mais ou menos perdidas e dias mais ou menos intermináveis acabamos por esperar demasiado tempo pelo momento da mudança que queremos para a nossa vida.
Contudo, não rara vezes, essa espera pesa, torna-se espessa e até mesmo dolorosa... e continuamos ali, sentados, a aguardar (in)pacientemente.

Será que a culpa é do vento de mudança que tarda? Do percurso que terá de fazer até nos atingir?
Ou partilharemos dessa culpa porque nos acomodamos e enquanto nada acontece, nada fazemos para que aconteça?

É por isso que ao sermos espectadores da nossa existência, sofremos quando a vemos caminhar para onde não queremos ir, mas assistimos, impávidos e impotentes, ao curso natural das coisas.
(Margarida Rebelo Pinto, Não há coincidências)