terça-feira, 11 de agosto de 2015

Estranha conversa

(Foto retirada daqui)

As palavras que se fizeram ouvir atrás de mim, interromperam os meus pensamentos. 
Olhei na sua direção e dei-me conta que era um estranho, aparentemente simpático, que as pronunciava. Conversa de circunstância, potenciada pelo momento e o local onde os nossos trajetos se cruzaram.

Senti que contrariava, ao manter aquele diálogo totalmente inesperado, o meu preconceito de que uma abordagem assim traz qualquer intenção a reboque. Ele fez por se manter a meu lado, acompanhando o meu passo apressado e eu, indecisa entre responder-lhe ou ignorá-lo, optei por lhe responder porque senti que ignorar seria uma indelicadeza da minha parte. 

Mas afinal de contas, porque motivo tendemos a reagir assim? Pode ser apenas uma pessoa que quer conversar, uma pessoa que sente a necessidade de partilhar as suas percepções a respeito de um qualquer assunto... Porque motivo é-nos estranho manter um diálogo com alguém sem que haja um motivo expresso para essa interação? 

Dei por mim a confirmar o quanto mudámos! Se tal tivesse acontecido na blogosfera ou numa qualquer rede social, possivelmentem já não causaria tal estranheza ou, no mínimo, reagiríamos de forma mais descontraída pois não deixa de ser mais fácil abordar alguém que não nos olha nos olhos! Mas, também, não deixa de ser verdade que desde pequeninos ouvimos os adultos, do alto da sua sabedoria, a dizerem-nos que não devemos falar com  estranhos! A nossa reação poderá ser, tão somente e segundo este prisma, uma forma de estar a alerta para algo que nos foi vendido como sendo perigoso... Dá que pensar.

E já no final: 

Ele: ... Temos que os aturar! Como por exemplo hoje calhou-lhe a si estar à conversa comigo! 
Eu: ...Não há problema! - respondi-lhe timidamente, sem saber muito bem o que dizer ao certo!
Ele: Vai por aí? Eu vou naquela direção, mas pode ser que possamos falar mais um pouco um dia destes!
Eu: quem sabe.... - respondi-lhe sem saber muito bem se essa ideia me agrada ou não...

domingo, 9 de agosto de 2015

Insatisfação


Escrita fina, quando corre ensina 
não dura um deserto que atravesse
Pode ir sendo, que demore um tempo
mais tarde ou mais cedo... lá me acerto


Na lembrança, o meu céu de criança
a quem nunca se entrega um tom cinzento

por momentos, vem num pensamento
e uma nuvem chove cá por dentro

Quase nada (experimento o céu de negro que há de norte a sul
nunca me conforma (prometo-me a mim mesma mais de céu azul)
a insatisfação (temo que haja pouco pra me contentar)
nunca me abandona (mas nada me impede de tentar)

Porque tento andar atrás no tempo
e entender a chuva que acontece?

Como por magia há sempre um novo dia
e outra Lua Nova que anoitece
Se a madrugada traz uma canção
pouco importa que me insista hoje em "dia não"
tomei o meu fastidio pra me atormentar
pedras no meu trilho são pra me assentar

Quase nada (experimento o céu de negro que há de norte a sul
nunca me conforma (prometo-me a mim mesma mais de céu azul)
a insatisfação (temo que haja pouco pra me contentar)
nunca me abandona (mas nada me impede de tentar)

Quando acordar do sono que eu escolhi
quero ter no meu cantinho sempre mais de ti
cada rosa, cada espinho que tanto cresceu
mesmo quando venham pra nublar-me o céu.

Quase nada (experimento o céu de negro que há de norte a sul
nunca me conforma (prometo-me a mim mesma mais de céu azul)
a insatisfação (temo que haja pouco pra me contentar)
nunca me abandona (mas nada me impede de tentar)