quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Poema para Laurence Caleghari

Com extrema aplicação,
como quem escreve um poema,
compõe o pintor a sua paleta.

Primeiro os brancos, com que inventa os navios. Logo
os amarelos, imenso campo de trigo.

Com os vermelhos,
hasteia uma bandeira. Enquanto
os azuis cumprem o destino do vento.

Com o verde
preenche a alegria das folhas.
E os castanhos são
a pele húmida dos montes.

Finalmente o preto.
Com ele escreverá
apenas a palavra liberdade.

Emanuel Félix

(Poeta açoriano 1936-2004. Este poema foi escrito em Paris, algures no ano de 1979)

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

A ilha



"... onde tudo se harmoniza para um banho de tranquilidade sem semelhante. Nem sons de espécie alguma. Só a música natural do silêncio. E o tempo intacto à nossa espera..." 

(J.J.S.S.)


sábado, 17 de dezembro de 2011

Ilhas de Bruma

 [foto retirada daqui]

Ainda sinto os pés no terreiro
Onde os meus avós bailavam o pezinho
A bela Aurora e a Sapateia
É que nas veias corre-me basalto negro
E na lembrança vulcões e terramotos

Por isso é que eu sou das ilhas de bruma

Onde as gaivotas vão beijar a terra

Se no olhar trago a dolência das ondas

O olhar é a doçura das lagoas
É que trago a ternura das hortênsias
No coração a ardência das caldeiras.

Por isso é que eu sou das ilhas de bruma

Onde as gaivotas vão beijar a terra

É que nas veias corre-me basalto negro

No coração a ardência das caldeiras
O mar imenso me enche a alma
E tenho verde, tanto verde a indicar-me a esperança.

José Ferreira

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Cabra Cega


Zero a zero, não me espanta o impasse
Se você quer, escondo o medo sem mostrar como o faço
No entanto amargo a cada som que não me sai, que adormeço
Tenho cara de quem morde mas apenas sou o que mereço
Uma oração pra perder o meu embaraço
Em hora sã hei-de por termo ao que só me traz cansaço
A cada cara à minha volta que me fita só que eu não posso ver
Que tem a fé num perfeito que eu não sei fazer
E eu sei de mais ou menos cem
Quiçá eu não apareço hoje....
Quero ficar bem a sós
Amuada no meu canto e a aquecer a voz.

Eu sei que é fácil de montar o aparato da menina que é culta
Mas também, sorrir sai mais barato que cuspir pensamentos à solta
E olha quem, tem a fome da sinceridade ao menos não te dei a volta
E eu não volto a jogar à cabra-cega com usted

Nunca sei porquê o maltrato é um unguento
Que sem ninguém ver vai guardando cimento
A cada cara à minha volta vou lhe dizer só que eu não posso mais...
Quero sedar o meu som confinar-me a afinar em silêncio

Eu sei que é fácil de montar o aparato da menina que é esperta
Mas também, fugir pra ti faz parte de investir na pessoa certa
E olha quem vem agora pra ficar é que eu ao menos não deixei aberta
A minha porta a ver quanto tempo sobra pra quem vem
A minha porta a ver quanto tempo sobra

Eu sei que é fácil de montar o aparato da menina que é culta
Mas também sorrir sai mais barato que cuspir pensamentos à solta...
E olha quem tem a fome da sinceridade ao menos não te dei a volta
E eu não volto a jogar à cabra-cega com usted
E eu não volto a jogar à cabra-cega 

[Márcia Santos, Álbum "Dá"]

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

[foto retirada daqui]

Ultimamente tenho cedido ao impulso de me roubar ao tempo dos outros para estar sozinha. Preciso de ler, pensar e escrever. Preciso de sentir que tenho tempo para mim e que o vivo de forma proveitosa.

Parece egoísmo? É possível que o seja...
Mas qual o problema se isso também me faz feliz?

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Admitir...

[foto retirada daqui]

... é, tantas vezes, desmesuradamente difícil de colocar em prática.

Porque não se querem dar a conhecer as fragilidades e muito menos permitir a confirmação que somos realmente falíveis - que nem sempre (re)agimos da melhor forma, nem dizemos as palavras certas ou encontramos as soluções apropriadas aos problemas com que nos deparamos.

Porque é bem mais fácil permanecer-se na zona de conforto do que partir rumo ao desconhecido, consciente de que as dúvidas e incertezas serão companheiras de viagem.

Porque parece perigoso permitir-se que alguém possa espreitar o nosso interior e conhecer sentimentos, sonhos, dúvidas e inseguranças que nos tornam mais humanos e menos seguros do que aparentamos.


[admitir: latim admitto, -ere, mandar ir, deixar ir, permitir acesso, receber, permitir]

Um verbo a conjugar todos os dias!


Desistir?






"Desistir é pior que tentar e não conseguir."

[Isaac Marinho]

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Voltar




Manhã cinzenta faz-me chorar
A chuva lembra o teu olhar
As folhas mortas caem no chão
A dor aperta o coração
Quanto eu não daria para poder voltar atrás
Volta pra meu peito, daqui não saias mais

Perdi-me Amor p'ra te encontrar
Na solidão do teu olhar
No teu olhar se perde o meu
Também o mar se perde no céu
Quanto eu não daria
Para poder voltar atrás
Volta pro meu peito, daqui não saias mais

[Rodrigo Leão]

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Pessoas

[foto retirada daqui]

Confesso que tenho um fascínio por pessoas que:

... lutam pelos seus ideais porque simplesmente acreditam neles;
... não esmurecem perante as dificuldades e aprendem com elas;
... optam pelos caminhos mais difíceis pelo prazer da caminhada;
... dão de si descomprometidamente;
... sonham e perseguem os seus sonhos;
... tomam decisões complicadas em busca da sua felicidade;
... fazem a diferença na vida daqueles que lhe estão próximos;

Pessoas corajosas, inspiradoras, lutadoras, determinadas, felizes, sábias, sonhadoras e de bem com a vida! Com vocês esquecemos as nuvens cinzentas e andamos com o sol nas palmas das mãos :)

Mensagem numa garrafa chega dos EUA aos Açores

Boas Notícias - Mensagem numa garrafa chega dos EUA aos Açores

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

[foto retirada daqui]

Deixa para amanhã o que não podes fazer hoje!

domingo, 4 de dezembro de 2011

Mais um fim-de-semana que termina...

[foto retirada daqui]

E eu ainda não descobri como exterminar esta neura que se cola a mim no final de domingo, só pelo facto da segunda-feira estar, cada vez mais, próxima!

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Back to Life



I didn´t see it coming
I was blinded by your light
Somehow i´m under your spell
Yeah you brought me

Back to life
Back to life
I´d given up believing
Then you brought me
I still don´t know what you´re looking for
But i´ll make sure you won´t need anymore
Cause you brought me
Back to life

I didn´t even notice
Everything was
In black and white
Until you got
Under my skin
Yeah you brought me

Back to life
Back to life
I´d given up believing
Then you brought me
I still don´t know what you´re looking for
But i´ll make sure you won´t need anymore
Cause you brought me
Back to life

[Mikkel Solnado]

(Não é que faça alguma diferença mas esta voz fantástica é "made in Portugal". Ignorância minha, só descobri esta semana...)

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Tempo: és preci[o]so

[foto retirada daqui]

O 1.º de Dezembro não significa unicamente um ano somado à restauração da independência de Portugal, conseguida em 1640, depois de 60 anos sob dominio de "nuestros hermanos" e muito menos dia de folga (pelo menos até este ano!).

Para mim e, certamente, para muitos mais arrancar a penúltima folha do calendário é a confirmação que mais um ano está passado «Xiii, passou mesmo rápido!» pensamos nós, ano após ano. E, embora, o consumismo natalício nos distraia (mais ou menos) tomamos consciência que mais um ano se desbota por entre noite e dia.

É tempo de balanço: o que marcou este ano? o que correu bem e mal? o que queríamos ter feito e não conseguimos por causa de nós próprios ou de outro impeditivo qualquer?

É tempo de traçar novos objectivos: como preencher os próximos 365 dias que estão a chegar, prontinhos a estrear? de que cores pintar o horizonte que pretendemos tocar no novo ano?

E quanto aos excedentes iremos ainda a tempo de recuperar algumas metas às quais não chegámos e reciclá-las em jeito de desejos para o novo ano?

As respostas a estas dúvidas que nos assombram, neste final de ano, resumem-se a palavras e as palavras são vento que nos empurram ou nos fazem recuar.
O tempo não perdoa as nossas pausas, quando nos deixamos envolver em algum remoinho de incertezas e passado.
Apenas de uma coisa estou certa: O tempo passa rápido. É preciso para sermos felizes. E é precioso se bem aproveitado!