domingo, 15 de outubro de 2006

Um A(re)CORDAR


Acordara hoje bastante cedo. Sentia-me recuperada do cansaço de uma semana, que parecera longa de mais. Estava um dia sombrio, uma manhã de sábado, típica da estação do ano que agora atravessávamos: o Outono. O sol não brilhava, nem, somente espreitava, timidamente, por entre as nuvens cinzentas.

Ao menos não chovia…

Para mim a chuva sempre esteve aliada a um certo mal-estar interior. Por algum motivo se ouve dizer que no Inverno existem mais depressões???

Estava realmente um dia cinzento! À beira-mar, estes dias cinzentos tinham um encanto especial: o mar parecia estar chateado com alguma coisa e despejava a sua raiva contra as rochas… Até parece que estou vendo o rebentar das ondas…

Embora o mar, nos Açores, seja lindo em qualquer estação do ano, sempre considerei o mar no Inverno bem mais bonito que no Verão… Talvez não fosse mais bonito apenas, inquestionavelmente, diferente…

No Verão estava tão calmo que mais parecia azeite, de um azul estonteante, que contrastava com o verde das encostas. Nesses dias a linha do horizonte parecia estar melhor definida, porém inalcançável… No Inverno, contrariamente, o mar perdia o seu tom azul vivo, era muito mais escuro, parecia zangado e toda a sua fúria era mandada contra os penhascos…

Apesar da agitação, este mar bravio, furioso, transmitia-me uma paz… quando o contemplava, todas as minhas inquietações pareciam apaziguar-se, como se fosse eu mandar, igualmente, toda a minha ira contra aqueles penhascos, que não tinham culpa nenhuma que a vida me corresse assim, menos bem, de vez em quando.

Só agora, a uma distância de alguns anos desse tempo, descobri que nem o mar, nem o céu, as outras pessoas, ou mesmo algo que nos é superior tem culpa daquilo que nos acontece, apenas NÓS!

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