quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Sim, fico incomodada!



(Foto retirada daqui


Quando se passa muito tempo longe da nossa terra natal corremos o risco de passarmos de "residentes" a "visitantes"... pelo menos para as gentes que lá permanecem os que regressam por breves períodos de tempo parecem ser os filhos (bastardos) da terra!

Em pouco mais de duas semanas senti-me mais uma turista que por lá andava a conhecer a ilha. Senti-me apenas com uma vantagem em relação aos demais: nasci e cresci naquela terra, conheço lá pessoas e tenho família. 


Mas, sinceramente, vendo bem... nem sei se isso será uma vantagem... Sinto, por vezes, um quê de ressentimento na voz quando alguém me diz que não volto porque não quero ou porque não me interesso pela terra em que vivi (quase) as duas primeiras décadas de existência... fazendo-me sentir uma ingrata! 

Houve sempre quem partisse, deixando para trás a ilha... sozinhos ou em família, para perto ou bem mais longe do que se possa imaginar. Uns voltam regularmente, outros nem tanto e há mesmo quem se recusasse sequer a pisar novamente território insular. Todas elas são opções válidas por quem as tomou, pelo menos a meu ver. 

Houve um período em que a emigração era uma realidade que afetava a maior parte das famílias e quem ousava partir era considerado um bravo, por cruzar o oceano em busca de um futuro melhor lá pelas Américas. 
Recentemente, os jovens que pretendem prosseguir estudos têm forçosamente que partir e, concluída a missão académica, alguns acabam por não regressar... 
Mas estes não são vistos como bravos ou corajosos mas como ingratos e desinteressados. E isso incomoda-me... Incomoda-me muito porque, na maioria dos casos, não regressamos exatamente pelo mesmo motivo que os emigrantes de outrora: em busca de oportunidades prósperas. 

E incomoda-me ainda mais perceber que, independentemente do lugar em que estejamos, somos orgulhosamente açorianos, estamos a par do que lá se passa e regressamos sempre que podemos... e não somos, com toda a certeza, menos açorianos do que aqueles que lá residem.

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