quarta-feira, 17 de março de 2010

O futuro é inventado pelo homem

Eu toco sonhos, de Marilise Oliveira (in: www.olhares.com)

"Temos de descobrir em cada obra este centro, o mais profundo do homem, em que a ciência e poesia são apenas um, são só um acto: o acto da criação continuada do homem, resolutamente orientado para a invenção do futuro.
(...) O futuro, não o descobrimos como Cristóvão Colombo descobriu a América. Não temos que descobri-lo, temos que o inventar. (...)
O homem só se define pelo seu futuro, pelos seus possíveis. Por ele, toda a realidade nasce de um mar de possíveis. A própria história só pode ser abordada do ponto de vista do futuro: não é a realização dum plano divino, nem um amontoado de "dados brutos". Não é a passagem determinista da causa ao efeito, mas sim a passagem finalizada, propriamente humana, do possível para o real.
O homem é olhar em frente, é movimento para diante. Para modificar o mundo: não a predição do futuro, mas sim a invenção do porvir. (...)
A esperança não pode deduzir-se de nenhuma experiência. Pelo contrário, há conflito permanente e necessário entre a experiência e a esperança. Porque a experiência só diz respeito ao passado e ao presente. A esperança é a antecipação militante do futuro. O homem nasce com o aparecimento do projecto. Contrariamente às outras espécies animais, accionadas por impulsos instintivos do passado, o futuro que o homem concebe exerce uma influência eficaz sobre o presente que por ele é construído."


Roger Garaudy, Palavra de homem



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